Robert Johnson, Brian Jones, Jimi Hendrix, Amy Winehouse, Kurt Cobain, Janis Joplin, Jim Morrison.
Além de serem todos grandes músicos, eles – e mais vários outros
artistas – são unidos por uma terrível coincidência: morreram cedo, aos
27 anos. Por isso, fazem parte do chamado “Clube dos 27” ou “Para Sempre
27”, que aumenta eventualmente.
Ninguém consegue explicar
realmente por que isso ocorre. Alguns recorrem aos filósofos gregos,
como Pitágoras, que viam uma relação entre os números e os
acontecimentos no Universo: ao que parece, o 27 simbolizava o retorno da
alma a seu criador. Ainda assim, isso não justifica a peculiar
quantidade de músicos que não passam dessa idade. Felizmente, é ainda
maior o número de pessoas que conseguem vencer a “maldição” e hoje eu
trago cinco delas:
Keith Richards
Já em 1971,
Sir
Keith Richards provou que não estava disposto a ser mais um integrante
do Clube, que já contava com seu ex-companheiro Brian Jones, e não
apenas ultrapassou os famigerados 27 como chegou aos 70 e, até hoje,
continua fazendo música, bem como seu parceiro Mick Jagger. Co-fundador
da banda de rock The Rolling Stones,
está há 44 anos em atividade, em turnês viaja por todo o mundo. Em
2006, o conjunto veio ao Brasil e conseguiu reunir um dos maiores
públicos de todos os tempos no país, contando com cerca de 1,3 milhões
de espectadores.
Alguns anos atrás, todavia, o grupo foi afetado
por uma briga entre os dois principais integrantes, desencadeada pelo
lançamento da autobiografia “Vida”, por Keith. Nela o músico fez várias
críticas e relatos nada honrosos sobre Mick Jagger,
que acabou se sentindo ofendido. O problema é que a banda estava
prestes a completar 50 anos e, para que fosse possível que saíssem em
turnê comemorativa, Richards foi até o vocalista lhe pedir desculpas.
Sobre ele, Jagger disse, em entrevista à revista Rolling Stone, que não o
considera como irmão, mas que eles tem uma relação de “alguém com quem
se trabalha” apenas, longe de ser fraternal. Por outro lado, Keith
declarou, em 1981, que Jagger era “sua esposa” e que certamente ele
diria o mesmo se questionado.
Keith,
que lançou quatro álbuns solo e é considerado um dos maiores
guitarristas de todos os tempos, teve sérios problemas relacionados as
drogas. O músico usou de tudo: heroína, cocaína, maconha, LSD, mandrax,
calmantes, entre tantas outras, sem contar o alcoolismo. “Usava drogas
como quem troca de marcha”, confessou em sua autobiografia, onde também
disse estar limpo há 30 anos. Na mesma obra, escreveu que John Lennon
tentava repetir seus hábitos, mas não tinha o mesmo preparo: “[eu
tomava] um pouquinho disso, um pouquinho daquilo [...] e depois eu ia
trabalhar. Estava todo ligado. E John acabava inevitavelmente na minha
privada, abraçado ao vaso”. Ainda assim, Keith Richards não apenas sobreviveu por décadas, como ainda é um músico verdadeiramente virtuoso, sendo responsável por vários
riffs memoráveis, apesar de ter chegado a admitir que teria tocado melhor sem a heroína.
Ozzy Osbourne
John Michael Osbourne é outro sexagenário que continua nos palcos até hoje com sua banda Black Sabbath,
formada em 1968. Também conhecido como “Príncipe das Trevas”, Ozzy é
bastante famoso não apenas por “Paranoid” e outros hits, mas por casos bizarros que marcam sua vida pessoal, dentro e fora dos shows.
Assim como a maioria, o rockeiro sofreu com o abuso de drogas e
bebidas, tendo sido esse o provável motivo que o levou a deixar o grupo
em 1979. Não por acaso, sua esposa, Sharou Osbourne, brincava que,
quando o mundo acabasse, somente restariam as baratas, Ozzy e Keith
Richards.
Na carreira solo, Ozzy não teve o mesmo sucesso estrondoso do Black Sabbath, mas depois de anos na década de 90, conseguiu largar o vício. Esperava-se que tivesse sido definitivamente, mas não foi bem assim: o
frontman
do Black Sabbath chegou a admitir ter consumido drogas poucos anos
atrás. Em sua autobiografia, “Eu sou Ozzy”, ele confessa que
consumiu muitas dessas substâncias ao longo da vida, sendo talvez
surpreendente que tenha atingido os atuais 65 anos. A aparente
“resistência” do músico já levou pessoas a crerem, inclusive, que sua
genética sofreu mutações para aguentar o efeito das mais variadas drogas
no organismo.
Curiosamente, o que quase matou Ozzy, em 2003, não
foi nada tragável ou injetável, mas um acidente que ele sofreu quando
andava de triciclo em sua propriedade, quando chegou a capotar. De
acordo com o músico, ele realmente correu risco de vida e, por ter
fraturado algumas vértebras, poderia ter perdido todos os movimentos. No
entanto, logo se recuperou e hoje está aí, ainda firme e forte.
Joan Jett
Joan
Jett, fundadora do The Runaways e do Joan Jett & The Blackhearts,
ela hoje 55 anos e passou batida pelos 27. Quem ganhou com isso foi o
rock’n’roll: Joan é figura de grande importancia na história deste
gênero musical, tendo sido uma das duas mulheres que entraram, em 2003,
para a lista dos 100 melhores guitarristas para a revista Rolling Stone.
A
artista ganhou aos 14 anos sua primeira guitarra e começou a fazer
aulas; acabou desistindo, pois que seu professor insistia em ensinar
canções folk. Depois do fim conturbado do The Runaways, motivado pelo
excesso do uso de drogas por alguns integrantes, Joan apostou na
carreira solo. Em 1979, gravou com Paul Cook e Steve Jones, ambos do Sex Pistols;
uma das músicas escolhidas foi “I Love Rock’n’roll”, que, apesar de
pertencer ao The Arrows, acabou ficando mais conhecida na voz de Jett.
Cabe
dizer ainda, sobre a sua relevância no cenário musical, que, após seu
primeiro álbum solo ter sido rejeitado por nada menos que 23 estúdios,
Joan criou a Blackheart Records, para lançá-lo de maneira independente.
Entrou para a história como a primeira mulher a ter fundado a própria
gravadora.
Kim Deal
Um
pouco mais nova que Joan Jett, Kim Deal carrega 53 anos nas costas e a
vitória sobre a idade maldita. A baixista e guitarrista fez parte do Pixies e até hoje faz parte do The Breeders,
banda na qual toca com sua irmã gêmea Kelley, quem aliás também passou
tranquilamente pelos 27. Kim fez parte ainda do The Amps, grupo de rock
alternativo indie, que esteve em atividade em 1995 e 96.
Nem
todos os fãs sabem disso, mas após terminar o colegial Kim passou por
sete universidades diferentes e não terminou nenhum dos cursos. Ela
chegou a trabalhar em laboratórios realizando estudos sobre biologia
celular. Bem como os nomes anteriores de nossa lista, a ex-Pixies também
sofreu consequências pelo uso de drogas, por sorte conseguiu se
reabilitar a tempo. Ela alega que agora está limpa, porém, a esse
respeito, já chegou a declarar que tinha medo de que não estar sob
efeito de drogas pudesse afetar sua performance, embora tenha completado
dizendo que hoje acha muito mais interessante estar “sóbria”.
Kim
Deal anunciou sua saída do Pixies em junho do ano passado, mas os
membros que permaneceram já deixaram claro que ela será bem-vinda caso
queria voltar e consiga conciliar o tempo entre The Breeders. Atualmente
ela também investe em uma carreira solo.
Dave Grohl
Dave
Grohl certamente dispensa maiores apresentações. O baterista,
guitarrista e fundador do Foo Fighters, hoje com 45 anos, viu de perto
alguém entrar para o “Grupo dos 27″ quando seu companheiro de banda, Kurt Cobain, se suicidou em 1994. Ironicamente, uma das últimas frases que Dave disse ao amigo foi “não quero que você morra”.
Ao contrário dos exemplos acima, o líder do Foo Fighters consumiu muito ácido e maconha, mas suas aventuras tiveram fim ainda aos 20 anos, pouco antes de ele se tornar integrante do Nirvana. Além disso, Dave afirmou nunca ter usado heroína ou comprimidos.
Mais
recentemente, ele se casou com Jordyn Blum, produtora da MTV, e com ela
teve duas filhas: Violet e Harper. Dave, que já tocou com o Queens of the Stone Age e tem diversos projetos paralelos como Them Crooked Vultures e o Probot.
Vale
lembrar que apesar de todos eles terem usado drogas em devido momento e
continuarem vivos, o consumo de substâncias ilícitas pode trazer uma
série de complicações – inclusive permanentes – ao organismo e em muitos
casos leva à morte prematura, sim. Principalmente se você não for Keith
Richards ou Ozzy Osbourne.